terça-feira, 25 de maio de 2010

Entrevista com Mirella Razera


Seguindo a série de entrevistas que o blog irá publicar nesses dias que antecedem o desfile da Guerreiros do Leão, conversamos hoje com Mirella Razera, que forma com Sérgio Júnior, a dupla de carnavalescos da Vermelho e Branco.

Nesta conversa, Mirella diz o que espera do desfile, conta detalhes da preparação, no que se difere do estilo de Sérgio e que já tem boa parte dos preparativos para 2011 encaminhados.

Nome completo, onde nasceu e sua formação?

Mirella - Mirella Fernanda de Próspero, nasci na cidade de Pedra Bela. Tenho o segundo grau completo e estou cursando atualmente o 1° semestre de Ciências Biológicas.

O que a motivou a ser carnavalesca?

Mirella - O destino, caí no carnaval por acaso. Na verdade, gostava de assistir quando criança, mas quando conheci o Sérgio, não teve jeito, ele me levou. Fizemos alguns trabalhos, mas aí veio o momento em que eu estava em crise, querendo mesmo largar e pensando em embicar o barco pra outro rumo. E a coisa de trabalhar com o Sérgio... você fica 24 horas martelando... aquilo te deixa um pouco exausta. E tem também a questão dos resultados finais. Eu me questiono e não estava satisfeita com o que estava vendo. Mas nada que umas férias e uma boa conversa não resolvam (risos).

No vasto leque de opções de enredo da Guerreiros, o que a levou a optar por "Bateu na Porta, Deixa Entrar"?

Mirella - Eu gosto de enredos que não são didáticos. Que te permitem criar sem uma cronologia que te prenda a um eixo começo, meio e fim. A plasticidade e leveza das fantasias e materiais foi uma conjugação de fatores, mas o mais importante foi a linha de trabalho que poderia seguir. Dei todos os caminhos para o desenvolvimento do enredo, inclusive "palpitando" sobre como tocar esse desenvolvimento. É praticamente um filho, cada enredo acaba ganhando um lugarzinho especial no coração da gente.

Defina resumidamente o seu estilo de trabalho.

Mirella - alegria ,franqueza, tranqüilidade, honestidade acima de tudo e amor no coração. Sem isso agente não resiste a nada.

Trabalhando com o Sérgio, é claro que você sofreu algumas influências dele, isto é natural. Baseado neste ponto, o que você acha que pode diferenciar o seu trabalho e estilo do dele?

Mirella - Eu acho que sou mais sintática, vou por uma coisa mais leve e aprendi essas formas mais leves com ele. O meu forte é mais fantasia do que alegoria, e nas alegorias eu tento me virar. Eu acho que minhas alegorias é que me diferem do Sérgio, porque ele tem aquela grande eloqüência que eu não tenho.Eu já sou mais medrosa do que ele, não ouso tanto quanto ele. Em fantasias, ele ta fa zendo uma coisa com uma linguagem maior agora, e eu estou fazendo uma coisa mais leve, mais fantasia mesmo.

No carnaval "real" em 2010, vocês fizeram Mocidade Júlio Mesquita no carnaval bragantino. Existe alguma diferença em termos de trabalho, organização e estrutura, no carnaval da Guerreiros?

Mirella - Existe, porque a Mocidade sofreu em 2010 a conseqüência de carnavais anteriores, e isso ainda estava repercutindo. 2010 era pra ser um carnaval de correção. Ainda havia muita aresta a ser aparada, mas como a escola não tinha e não tem comando, fica muito difícil. A gente tem que ser profissional. O profissional trabalha pra ganhar o dinheiro dele no final do ano, ele tem o amor a honra, mas não tem essa coisa do quebra galho. Eu percebi que a Mocidade tratava muito com os profissionais por conta dele ser bacana e tal, mas não é isso. É preferível ter um profissional que trabalha bem, é pago e vai ser cobrado por isso. É muito mais fácil de cobrar de uma cara desse do que cobrar do outro que não quer nada com nada, que vai te pedir um convite, uma camisa... Não é assim que a banda toca. A coisa rola assim por lá. Tem uma "família" por trás que não quer abrir mão de tocar a escola. Quer dizer, financeiramente está sendo bom pra eles. Não é possível, só assim pra não querer "largar o osso". Eu penso assim, quanto mais profissionalismo a gente tiver, mais resultado a gente tem, e mais condições de evoluir a gente tem. Isso é uma coisa palatina, e não é da noite pro dia que você vai mudando. Eu particularmente trabalho pra me sustentar. Eu não consigo viver de carnaval, mas tenho amor por aquilo que faço. Tenho um nome a zelar, não estou lá de brincadeira, embora eu leve na maior tranqüilidade possível. E nem sou tão estressada, só as vezes. Mas é uma outra forma de me comprometer, e é claro que o meu empenho pela escola me interessa, pois é o meu cartão, e a coisa de componente dizer "eu sou do ano tal" é uma outra mentalidade que tem que mudar. Pra escola ali dentro do desfile, é o que você faz, e não o que você foi. A sua patente, essas coisas tem que aos poucos mudar. Mocidade 2010 tinha tudo para ser ótimo, mas graças a essa séria de fatores, foi horrível. Acredito que esse carnaval pela Guerreiros está trazendo um outro sabor, chega de dificuldades, aquele vai e vem. É um trabalho que depende só da gente. Isso me deixa satisfeita.

Dentre as diversas atribuições de um carnavalesco, qual(s) você considera a mais importante e primordial?

Mirella - Humildade, simplicidade e confiança, porque a gente tem que trabalhar num esquema de confiança. O carnaval é uma trabalho de equipe, e a gente tem uns pilares fundamentais pra nossa obra acontecer. Acho que o fundamental é a organização, a parte estrutural da escola, por que se a escola for uma zona todo mundo dá cabeçada, e há momentos em que até você como carnavalesco tem que bater no peito e dizer: é assim que eu quero e pronto! Mas você tem que saber administrar isso. Tem escolas onde isso é mais exacerbado. Aqui na Guerreiros todos são humildes e isso é muito bom isso. Só temos a ganhar. Quando você tem uma escola onde os dirigentes são muitos bélicos, nosso trabalho reflete isso. É um efeito cascata, e isso é péssimo pra gente que ta lá ralando em pró da escola. A gente não se envolve, e fica às vezes entre a pedra e o mar. Ouve daqui ,ouve dali, e é muito desgastante. Eu vivi esta experiência. Amarguei mal resultado em função de dirigente de escola.

Como é o convivio com o Sérgio fora dos trabalhos?

Mirella - Ele pensa em carnaval 24 horas, e tava querendo me levar pra esse mundo. Mas é como qualquer outra diferença vivida por um casal, você chega com aquele jeitinho, conversa e logo ta tudo bem. Ele é assim, é o jeito dele, o conheci assim e não posso mudar. Eu gosto do que faço, mas ele tem que entender que pra mim é só o trabalho, não minha vida. Agora melhorou bastante (risos) ele não me aluga, porque olha... o Sérgio leva você a exaustão. Ele é muito exigente

Qual a mensagem que você deixa para queme spera anciosamente o desfile da Guerreiros?

Mirella - Batam na porta e entrem para ver nosso desfile. Vai ser bacana, e com o dia se aproximando eu acho que vai ser um buchicho. Não desmerecendo as outras, até porque esperam que as mais experientes sejam as que mais se destaquem. A gente não vem cantando vantagem, mais vai surpreender, e isso é bom. Vai ser um sacode, e vão começar a ver que não estamos querendo apenas ser mais uma. Estamos querendo chegar em algum lugar, e esperamos conseguir. Não quero sonhar alto, mas se fizermos um trabalho legal vai dar certo

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