domingo, 23 de maio de 2010

Entrevista com Sérgio Júnior


Logo que a idéia de se fundar uma agremiação para a disputa do carnaval virtual saiu do papel, um nome fora idealizado para produzir o carnaval da escola: o do carnavalesco Sérgio Júnior. Após 6 meses de um árduo trabalho, o artista inaugura uma sequência de entrevistas para o blog e fala sobre a infância, diz que foi bom de bola, aponta o excesso de auto-crítica como seu maior defeito e ainda diz que o sonho é a Sapucaí.

Sérgio, que, em 2010, assina o desfile de estréia da Guerreiros do Leão no Conselho de Avaliação da LIESV, falou ainda sobre o trabalho nas escolas de samba de Bragança Paulista, admitiu que prefere evitar entrevistas, diz que se valoriza na hora de fechar um contrato e, por isso, leva a fama de "metido".


Nome: Sérgio Roberto Razera Júnior

Data de nascimento: 07/09/1988

Bairro onde nasceu: - Lavapés, a família da minha mãe é de lá.

Bairros onde morou: - Lavapés e fui ainda pequeno para a Vila Bianchi.

Pais: - Meu pai é o intérprete de samba enredo Sérgio Razera, o Sérjão, conhecido como o Jamelão bragantino. Minha mãe se chama Ana Lúcia e é costureira.

Irmãos: - Uma, por parte de pai, a Thelma, de 35 anos.

Tempos de estudante: - Estudei no Assis Gonçalves, uma escola incrível. Lá posso dizer que aprendi tudo o que sei sobre história. Estudei também no Moraes Salles, onde concluí o ensino médio. Atualmente, curso o 3° semestre de Ciências Biológicas na FESB.

Infância: - Foi uma infância feliz. Apesar de ter de aprender a lidar com perdas logo cedo, não fui uma criança chorona e muito menos deprimida. Meus pais sempre fizeram de tudo para me proporcionar algum conforto. Perdi meus avós e duas tias mais velhas com menos de 10 anos, era muito apegado a todos eles, mas infelizmente se foram quando eu mais precisava. Mesmo assim tenho uma família maravilhosa que sempre foi muito unida.

Desenhos: - Era a maior diversão da minha infância. Acho que foi mais uma questão de vocação mesmo. Como passava a tarde toda com o meu avô em casa, ele fazia um caderninho pra mim com folhas de sulfite e eu ficava desenhando. Fazia histórinhas onde ele e eu eramos os protagonistas. Na época de escola, eu desenhava pra sala inteira nas aulas de educação artistica. Ganhava um dinherinho pro lanche com isso. na época achava que podia seguir como quadrinista.

Estado Civil: - Namoro a quase dois anos com a Mirella, que além de companheira na vida, passou a assinar os carnavais comigo.

Religião: - Sou católico de batismo. Não vou muito à igreja. A alguns anos passei a ver no espiritismo (Kardecista) uma doutrina fantastica. Eu rezo, sempre lembro de agradecer a Deus por tudo que tem dado a mim e a minha família, saúde, estabilidade, amor, etc.

Temperamento: - Acho que sou muito nervoso, mas também é muito estresse. Porque a gente não se preocupa só com trabalho. É muita ansiedade. Mas acho até que já fui mais ansioso que agora. Mas eu tenho muita responsabilidade, o tempo inteiro. Eu misturo casa com trabalho, faculdade. Isso não é bacana. A Mirella não é tão estressada quanto eu, só perde a paciência mesmo quando eu consigo tira-la. Eu sou um cara muito preocupado, eu me cobro muito. Tenho um senso de auto-crítica muito grande. Pra mim, esse é o maior defeito que eu posso ter. Uso o exemplo do carnaval mesmo. Pra eu chegar a um ponto em que eu diga "Agora sim, o enredo ta montado", chego a fazer mais de cinquenta desenhos para que uma média de vinte sejam utilizados. É cruel.

Lazer: - Eu gosto de ficar em casa, sou tão caseiro quanto pão de queijo, mas gosto de ir ao cinema, sair pra comer, embora não estejamos fazendo isso com muita freqüência. Mas, em relação à social que três por dois a gente tem que fazer no samba, isso me satura. São sempre os mesmos papos, as mesmas pessoas, as mesmas perguntas e acaba que aquilo vira uma coisa insuportável, eu não gosto.

Som preferido: - O samba nosso de cada dia. Eu posso dizer que sou eclético, mas o samba enredo é que faz a minha cabeça. Se deixar, escuto o dia inteiro. Mas também gosto dos chamados "sambas de meio-de-ano", um rock nacional, como Skank, por exemplo. Músicas italianas e MPB.

Comida preferida: - Aqueles pratos revolucionários não são a minha praia. Prefiro um bom bife com batata frita, arroz, feijão e uma pimentinha. Não sou de cozinhar, mas se o calo apertar eu tenho que me virar. Acredito até que se me meter a cozinhar, vou fazer bonito. Eu sou meio de "lua" também, agora por exemplo, tô numa fase de gostar muito de comida japonesa.

Bebida: - Como todo bom "italiano", vinho.

Restaurante: - Eu não sou muito acostumado a ir não, só de vez em quando. Tem o Calçadão, o do meu zará, o Sérgio's, o Happy Sushi, de comida japonesa. Tudo por aqui mesmo. Tem uma churrascaria ótima em Campinas mas eu não me recordo o nome.

TV: - Canal aberto pra mim é a Globo e o SBT. Podem falar o que for de canais emergentes e "oportunistas" como a Record, mas pra mim a "Vênus Platinada" e o canal do "Abravanel" ainda são os top. Gosto do Globo Repórter, Profissão Repórter, dos jornais. Aí tem os apresentadores carismáticos que me prendem a atenção. Gosto do Serginho Groisman e do Altas Horas. Gosto da relação dele com os jovens, ele tem uma linguagem símples, objetiva e direta. Pega a molecada na veia. No SBT gosto dos seriados que ela exibe. O preferido ainda é o Chaves. É um programa que sei de cor e salteado todos os episódios e todas as piadas, mas sempre que vejo, consigo rir das mesmas coisas. Gosto de filmes também. De um modo geral, a televisão está muito chata. Assisto, claro, os jogos do Corinthians.

Política: - Não da pra se omitir da política brasileira, mas da até nojo. O Lula, por exemplo, eu votei nele e me decepcionei. Existem aqueles candidatos que usam o horário eleitoral na TV para mentir descaradamente, em contrapartida, existema aqueles que o usam para fazer graça. Acredito que são esses que realmente sabem o que estão fazendo.

Sonho de consumo: - Chegar a Sapucaí como carnavalesco de uma grande escola de samba. Quem sabe, da minha Mocidade Independente de Padre Miguel.

Ator Preferido: - Sem dúvida o Raúl Cortez. Sinto muita falta dele.

Atriz: - Fernanda Montenegro.

Primeiro contato com o samba: - Filho do cara, né (risos). A história começou assim: meu pai me preparou para ser o seu sucessor. Em 1999 ele me jogou na fogueira, foi uma apresentação da Unidos do Lavapés na cidade de Serra Negra. Ele me fez puxar o samba como voz oficial na praça da cidade lotada, na época eu tinha 10 anos. Aí, no Carnaval de 2000 fiz minha estréia no carro de som da escola. E gostei muito. Foi a primeira vez que eu atravessei a avenida com um pouquinho mais de responsábilidade.

Primeiro trabalho como carnavalesco: - Em 2002 assumiu a Unidos do Lavapés o jornalista Paulo Alberti Filho. Ele contratou o Raúl Diniz da Rosas de Ouro. O cara não aguentou o "tranco" e se mandou a menos de 2 meses do carnaval. Aí o Paulo me chamou pra trabalhar nas alegorias e o Marco Aurélio Lisa nas fantasias, o enredo era "Independência ou Morte". No ano seguinte, eu assinei junto com o Mrco "Irmão Sol, Irmã Lua". A escola foi campeã do Acesso e subiu. Aí, começaram a prestar atenção no meu trabalho. Em 2004, assinei com o André Acedo, o "Por Trás da Cortina da Seca, o Eldorado Nordestino". A escola não desfilou em 2005 e em 2006 voltou e eu fiz "Levanta, Sacode a Poeira e da a Volta por Cima". Em 2007 assinei com a minha amiga Patrícia de Faria "Pecados Coloniais, Orgulhos Regionais", pela Sociedade Fraternidade, onde ganhamos o Acesso. Em 2008 e fui pra Unidos do Parque, lá assinei "Reino Encantado, Poeta Sonhador", sobre o poeta Casemiro de Abreu. Voltei a ficar de fora em 2009 e em 2010 assinei a Mocidade Júlio Mesquita onde fiz um enredo sobre a história do sanduíche.

Esporte: - Joguei futebol em algumas escolinhas da cidade. Era zagueiro daqueles raçudos, não alisava atacante nenhum, passou por mim, tomava porrada. Eu jogava bem. Mas sempre sofri com dores no joelho e no tornozelo.

Internet: - Eu passo um bom tempo na internet. Tenho três perfis no orkut, um twitter. Gosto bastante. Além disso eu sou designer.

Imprensa e Carnaval: - Muita fofoca. Muita coisa sem consistência. Principalmente aqui em Bragança. É muito difícil eu soltar alguma coisa a respeito dos meus desfiles. Eu fico puto, às vezes, quando o cara coloca palavras que eu não disse. Por isso que eu evito muita entrevista, porque eu não gosto. Assim como há carnavalescos e carnavalescos, há repórteres e repórteres. Sem contar os "metidos a entendidos", esses são uns verdadeiros pés no saco.

Amigos no samba: - Considero amigos as pessoas que fazem parte da minha equipe.

Festas do samba: - Antes eu gostava mais. Hoje em dia só o desfile mesmo.

Desfile inesquecível: - Os de 2003 e 2004 com o Lavapés, um trabalho muito bem realizado.

Realização financeira no Carnaval: - Acho que o Carnaval pode dar mais, não só pra mim, como para muitos outros. Procuro me valorizar, independente de ficar fora um ou dois anos ou não. Muita gente diz: 'Ah, o Sérgio é caro'. Eu não sei o que eles querem dizer com 'é caro'. No meu contrato, cobro por um trabalho que vou me dedicar e muito. Por isso, não é caro, não. Tem gente aí que de estar desesperado e cobrando barato demais.

Passado e futuro no Carnaval: - Tenho 21 anos. Acho que a quantidade está maior que a qualidade e, hoje, qualquer um pode ser carnavalesco. Acho que um cara, pra ser respeitado mesmo, tem que ganhar um carnaval. Quero me firmar e em breve estar trabalhando em um grande centro. Pode ter certeza de que irei lutar e me dedicar muito para isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário