quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Guerreiros lança oficialmente o enredo para o Carnaval 2012



A AURÓRA DOS DEUSES

É de conhecimento público, que o continente africano é o berço da humanidade. Sua cultura e as suas tradições, hoje são difundidas pelos quatro cantos do planeta e encantam a todos com suas histórias e suas lendas.

Conta uma antiga lenda que tudo teve início com Olorum, um ser iluminado de força e sabedoria que foge a nossa compreensão. Em um momento de inspiração, Olorum criou os céus e a terra que inicialmente era apenas uma e por sua vez criou a natureza e animais de todas as cores, formas e tamanhos. Da união de Obatalá (Céu), com a terra, originaram-se seus filhos: Aganju, a terra firme e Iemanjá, as águas.

Aganju une-se a Iemanjá e dessa união, surge Orungã, o ar, o espaço entre o Céu e a Terra. Dizem ainda que Orungã cresceu e passou a ver sua mãe, Iemanjá com outros olhos. Orungã estava apaixonado. O Ar e a Água se unem em uma paixão avassaladora que se transforma em um amor profundo. Mas um dia, Iemanjá, ciente do erro que cometera, se desprende dos braços de seu amante e foge, renunciando a este amor proibido. Orungã, inconformado ao ser abandonado por sua amada, a persegue desesperadamente. Em certo momento, prestes a ser alcançada Iemanjá estende-se no solo. Em um misto de sofrimento e agonia, a Senhora das Águas vê seu ventre fértil se romper, e de lá surgirem 15 Orixás: Dadá Ajacá, Xangô, Ogum, Olocum, Oloxá, Iansã, Oxum, Obá, Okô, Okê, Oxóssi, Ajê Xaluga, Xapanã, Orum, Oxú.

Assim nasceram os Orixás, aqueles que são denominados representantes de todos os domínios de Olorum na Terra.

Contam ainda, que a Oxalá, primogênito de Olorum, coube a missão de criar o mundo em que vivemos. Para realizar a terefa, Olorum deu a seu filho um saco cheio de terra, um camaleão e uma galinha.

Antes de iniciar o seu trabalho, Oxalá teria de fazer uma oferta a Exu, o Orixá mensageiro, aquele que tem a incumbência de abrir os caminhos. Entretanto, envaidecido com o posto de primogênito de Olorum, não julgou necessária tal oferenda. Exu, no entanto, descontente com a postura de Oxalá, prometeu-lhe vingança, fazendo assim com que durante a longa caminhada que realizava, Oxalá sentisse uma terrível sede.

Tentando matar a sede, Oxalá avistou uma palmeira e acabou bebendo de sua seiva, embriagando-se e caindo no sono, deixando de lado a sua missão.

Percebendo então que Oxalá não realizaria seu trabalho, Oduduá, também filho de Olorum e seu irmão mais novo, decidiu tomar o seu lugar e concluir a Criação do Mundo.

Voltando a si, Oxalá percebeu o que havia acontecido e procurou Olorum para se queixar.

Olorum então ordenou a Oxalá que criasse o homem. Foi o que ele fez. Primeiro, criou o homem usando como matéria prima o ferro e a madeira. Sentiu que este ficara rígido demais. Tentou então a pedra, mas sua frieza não condizia com o espírito da criação. Da água não surgiu forma definida, o ar, desfez-se em meio aos ventos e o fogo consumiu a sua própria forma. Do azeite e do vinho também não obteve êxito.

Foi então que triste por seu insucesso, Oxalá recebeu de Nana uma porção de barro retirada do fundo de um rio, para que este mais uma vez tentasse esculpir o homem.

Oxalá então revigorado toma o barro em suas mãos e com ele modela a sua maior criação o ser humano, porém ainda inanimado, sem vida. Oxalá então pergunta a seu pai o que poderia ser feito, ao que este se aproxima, sopra o dom da vida, animando os homens esculpidos por Oxalá.

Daí por diante, os Orixás voltaram ao infinito e a Terra desenvolveu-se pelas mãos do homem que prosperou evoluiu tanto mental, como fisicamente.

Com o passar do tempo à sociedade africana, diferentemente do que é exposto em livros e relatos históricos, já era altamente estruturada. Os soberanos comandavam suas tribos em grandes combates contra outros povos, no qual os derrotados eram incorporados ao convívio das Nações vencedoras.

No final do século XV, tem início o que chamamos hoje de Tráfico Negreiro, o que provocou a grande diáspora do continente africano. Em meados do século XVI, os negros são trazidos para o Brasil.

Os primeiros negros que desembarcaram no Brasil, eram transportados como carga nos porões de navios chamados de “tumbeiros” e vieram para desempenhar tarefas domiciliares. No auge do ciclo do Açúcar, os africano são adotados como força de trabalho nas lavouras.

Vivendo nas senzalas os negros oriundos da África, eram obrigados a adaptar-se a uma nova forma de vida imposta pelos seus senhores, que no caso, seria a cultura européia, esquecendo de suas tradições, língua, religião e etc. sentiam a necessidade, de reviver as suas tradições. Foi neste contexto os primeiros rituais africanos foram difundidos em solo brasileiro.

Estas práticas religiosas deram origem ao candomblé, culto às energias da natureza, tais como: vento, sol, fogo, raio, trovão, água, terra, mar, rio e etc.

E assim, a religião africana fincou raízes em solo brasileiro.

Em 1910, já passado mais de uma década desde a Abolição da Escravatura, Eugênia Anna dos Santos, dissidente do Terreiro da Casa Branca, fundou o Terreiro Kêtu do Axé Opô Afonjá, em Salvador, na Bahia.

Com mais de cem anos de história e resgate a cultura africana, o Axé Opô Afonjá é motivo de orgulho para o negro brasileiro. É resistência, é imposição é principalmente refúgio espiritual para os filhos da Mãe África, arrancados do seio de sua terra.

É nesse clima de consciência e gratidão para com aqueles que fundamentaram a cultura brasileira no decorrer dos séculos, que a Guerreiros do Leão presta essa homenagem, trazendo para o Maior Espetáculo da Tela, as lendas, os mitos e todo o encanto da cultura Yorubá.

Sérgio Júnior

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